Um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil, Porto Seguro - BA carrega as maiores contradições sociais, culturais e econômicas. Com uma gestão que só faz para “inglês ver” (como diz o ditado popular), o “prefeito das rotatórias” fecha os olhos para a violência que se espalha pela cidade e, desconsiderando a importância dos bairros adjacentes, seu Secretário da Casa Civil dá graças a Deus por “isso” não afetar o turismo.
Turismo esse que segue entre trancos e barrancos por força da iniciativa privada, pois o poder público municipal não consegue elaborar nem um calendário de programações. Enquanto quem pode pagar por segurança se tranca em condomínios de luxo, a população fica refém da violência.
“Quatro destinos em um” é a descrição de Porto Seguro feita por Josemar Siquara, Secretário da Casa Civil do município, em uma matéria do jornal Folha de São Paulo de 29/11. O secretário cita o Centro e a Orla como um destino; Arraial, Trancoso e Caraíva como outros 3. Sendo os últimos para a classe AAA.
Se gabando pelas classes de alto poder aquisitivo que visitam a região. Graças às belezas naturais e ao empenho dos empreendedores locais que Porto Seguro se mantém interessante para os viajantes, porque muito pouco se oferta em eventos e aparatos do setor público. Onde tem turismo, circula dinheiro e se torna atrativo para criminosos que agem livres diante de tanto descaso com questões de segurança, educação, emprego e renda para as famílias em situação de risco. A Bahia já se destaca com altos índices de criminalidade e Porto Seguro entra na disputa das cidades mais violentas do Estado.
O complexo de bairros do Baianão é conhecido pelo forte comércio e, infelizmente, ganhou fama pelos excessivos casos de morte. Com cerca de 60 mil habitantes, a maior parte dos trabalhadores do Baianão atuam, justamente, no turismo e precisam conviver também com o preconceito como o do Secretário de Jânio Natal que generaliza a criminalidade como casos exclusivos de bairros periféricos.
Vale lembrar que esses bairros não recebem o devido olhar da gestão pública, não têm projetos eficazes que apoiem e orientem corretamente as ações da Polícia Militar, não têm programas para tirar os jovens da rua, entre tantas outras falhas dessa gestão municipal que se perde em um vago discurso de qualificação do turismo, enquanto a cidade está entregue ao caos.
Deveria ser vergonhoso para uma gestão assumir que os índices de violência em seu município não são maiores devido aos sistemas de segurança privada instalados nos condomínios de luxo. Mas o Secretário da Casa Civil de Porto Seguro se gaba disso também e acha mais fácil delegar a culpa da criminalidade aos moradores de bairros periféricos, fechar os olhos para as tantas famílias que choram seus mortos, seguir feliz porque estão conseguindo esconder a violência de Porto Seguro e dizendo: “graças a Deus ela não afetou nosso carro chefe”.
Comentários: