Bahia Sul News

Quinta-feira, 15 de Maio de 2025
Filhos de patroa condenada por trabalho escravo em Porto Seguro vendem imóvel para pagar indenização de R$ 500 mil

Porto Seguro

Filhos de patroa condenada por trabalho escravo em Porto Seguro vendem imóvel para pagar indenização de R$ 500 mil

Este desfecho impactante e sensibilizante marca um ponto crucial na luta contra a violação dos direitos humanos.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.

No final de 2024, um acordo aprovado pela Justiça do Trabalho trouxe uma nova esperança para Maria, uma mulher que viveu por 44 anos em condições análogas à escravidão em Porto Seguro, na Bahia. O Ministério Público do Trabalho (MPT), em conjunto com a advogada da vítima, conseguiu garantir uma indenização de R$ 500 mil, fruto da venda da casa onde Maria foi submetida a trabalho forçado. Este desfecho impactante e sensibilizante marca um ponto crucial na luta contra a violação dos direitos humanos.

Maria, que teve sua identidade preservada, chegou à casa da empregadora ainda criança, aos 6 anos, sem falar português e sem documentos. Durante mais de quatro décadas, ela foi privada de educação, remuneração e, sobretudo, de dignidade. Seu cotidiano de isolamento e exploração só começou a ser revelado após a morte da ex-patroa, quando passou a viver com um dos filhos dela.

A denúncia de seu sofrimento surgiu através de uma rede de apoio, composta por uma amiga, uma advogada voluntária e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Quando o MPT tomou conhecimento da situação, instaurou um inquérito civil, e diante da negativa em resolver o caso de forma extrajudicial, optou por ajuizar uma ação civil pública.

O acordo homologado no final de 2024 não apenas solucionou as ações judiciais, mas também garantiu que Maria pudesse recomeçar sua vida. Até a quitação do valor total, os herdeiros da ex-patroa mantiveram um auxílio mensal à trabalhadora. Em fevereiro, a indenização foi depositada em conta judicial e já está sob a gestão de Maria, que agora conta com uma rede de apoio para evitar fraudes.

A procuradora Camilla Mello, responsável pelo acompanhamento do caso, enfatiza que essa reparação, embora não apague os traumas do passado, simboliza a ruptura de um ciclo e abre caminho para uma vida digna. Hoje, Maria está reescrevendo sua história: com carteira assinada, investindo em sua alfabetização e vivendo em um imóvel alugado. Sua trajetória é um testemunho poderoso da resiliência humana e da importância da justiça social.

 

Por: Samuel Nery | Bahia Sul News
Com informações do Bahia Notícias

Comentários: